A vida é tão estranhamente
simples… Entre o nascer e o morrer sucedem-se centenas de episódios. Nenhuns deles pré-escritos. Escrevemos esses episódios com maior ou menor velocidade e clareza, consoante a
necessidade, as condições oferecidas e produzidas… E todos eles se traduzem em diferentes sentimentos, que depois gerem a nossa forma de amar a vida.
Somos felizes? Talvez a felicidade tenha significados diferentes...
É sobre isso que me pergunto? O
meu Pai está cansado. Adormeceu, ali no sofá, cansado…
Hoje o meu Pai queria ajudar!
Queria ajudar a fazer “qualquer” coisa…
Meditando acerca da sua
existência não consigo imaginar o quão vegetativa é, sem ele o estar. Porque a
mim me falta por vezes a imaginação, a capacidade de inventar.
E hoje tive um rasgo de
inspiração – sem falsas modéstias. O meu Pai pediu-me! O que é que eu posso dar
ao meu Pai para fazer? Mal se mexe, não vê, o seu raciocínio está toldado pela
doença, o que é que eu faço? Como é que eu lhe concedo este desejo?
Reciclar!
Falámos sobre reciclar.
Dei-lhe papel - revistas, jornais – para rasgar.
- No meu tempo queimávamos o
papel numa fogueira, na praia.
- Mas hoje o papel é para
reciclar, Pai. Do papel velho faz-se novo. Por isso não o podemos queimar.
Rasgamos e mandamos para o centro de reciclagem para fazerem papel novo.
E o meu Pai rasgou papel, enquanto a minha Mãe
descansou – foi ao cabeleireiro aqui mesmo à porta de casa, respirou e esqueceu
durante duas horas o inferno das doenças. E agora o meu Pai dorme, feliz,
cansado, útil. A minha Mãe descansa, ali ao lado, no seu sofá, com um sorriso
nos lábios, porque hoje há felicidade.
:)
ResponderEliminarSoube bem ler isto! :D