quarta-feira, 15 de maio de 2013

DISPUTA

Esta noite foi do "caraças", com o meu Pai a chamar de meia em meia hora (senão menos) para o vestirmos porque a médica "estava quase a chegar". Tudo porque marquei um domicilio para hoje, e o meu Pai sabia.

Às tantas dou por mim a pedir paciência! "Por favor, seja qual for a força superior que por aí exista, dai-me força! Dai-me paciência para resistir, para fazer o que está certo, para falar com calma, para resistir ao sono! Por favor lembra-te de mim, mesmo que eu me negue a reconhecer a tua existência."

Já não falo de facilidades. Se tem que ser difícil, que assim seja! Mas a força!? Essa preciso dela como de "pão para a boca".

O meu Pai precisa de mim. A minha Mãe precisa de mim. Os meus Filhos precisam de mim. Mas mais que tudo, Eu preciso de mim. Tenho momentos em que tenho dificuldade em me lembrar de mim. Olho para dentro e encontro uma revoltada, raivosa, um zangada com a vida, uma perdida no tempo, como se essa força superior que nego tivesse carregado no meu botão de "Stand-by", embora mantendo o tempo a passar à minha volta.

Não! Não pensem nisso! Não tenho raiva dos meus Pais. Ai! De tudo o que poderia ter raiva não será certamente dos meus Pais. Tenho raiva do papel que a vida lhes reservou e me reservou. Mas também não aceito sugestões para lares. Não! Ninguém saberá tomar conta dos meus Pais como eu. Nem pensar!

E depois, considero a grande parte dos lares de idosos a nova forma de "chulice" (palavra feia mas verdadeira). Afinal, que trabalho dá um idoso que é colocado numa cama ou numa cadeira o dia inteiro, à espera de passar para a eternidade?

Eu seu a nossa visão se tolda consoante a vida que somos levados a viver. Tenho noção da realidade - embora tenha momentos em que preferia não ter. Não é possível controlar tudo. E haverá quem me apresente soluções. Mas ainda não acreditei em nenhuma.

O meu Pai tem os pés a começar a abrir feridas. Juro que esta era a parte que eu temia. Tive a minha Avó em casa 5 anos, acamada. E às tantas as escárias instalaram-se, bem como os tratamentos diários, os pensos diários e mesmo assim veio a gangrena e a amputação. Não devia ser permitido sofrer tanto para "terminar".

A Morte que me desafia cada vez mais de perto, deveria ser peremptória em todos os aspectos. Bolas! Não quero ser mal interpretada. Não quero que os leve. Mas Ela é certa. A única coisa certa para todos nós - até hoje!

Esta necessidade de desabafar, vem do grito abafado que sustenho. Desculpem-me! Mas tenho que culpar algo ou alguém, dê por onde der.


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