(escrito em 17 de Junho de 2011)
Lembro-me da urgência que sentia em fazer dezoito anos.
Foi igual para ti, não foi?!
"Bolas - dizia eu - quando tiver dezoito anos poderei fazer o que me apetecer, quando me apetecer, com quem me apetecer. "
Mas o importante não é a independência que se adquire. Pedimos tanto para crescer que nos esqueccemos das responsabilidades e descobertas a que esse passo nos obriga.
Aos quarenta e dois anos descobri que os meus pais estão velhotes.
O meu Pai... cego, doente cardíaco, a quem a demência senil não perdoou; o meu Pai com quem tanto discordei e que por vezes "amaldiçoei" (coisas!); hoje apetece-me aninhá-lo nos meus braços e embalá-lo, dizendo que está tudo bem. Gostava que ele pudesse ver através dos meus olhos ainda cheios de vida o caminho que o separa entre a cozinha e o quarto... gostava que ele não chorasse!
Por isso, vou ler para ele. Vamos juntos escolher os livros, os jornais, os panfletos, seja o que for, para tentar mantê-lo ligado a este mundo, enquanto caminhar sobre ele... O Meu Pai!

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