segunda-feira, 1 de julho de 2013

O OLHAR DO MEU PAI

É bom sabermos que pensam em nós, seja porque razão for: é bom!

Hoje andava a navegar pelo Facebook e dei com um post na minha cronologia: uma Amiga que me dava novidades acerca dos avanços na batalha contra a doença de Alzheimer e de Demência Senil.

Deixam-me arrebatada avanços na ciência como o que consta nesta notícia:


O meu Pai tem vindo a definhar, drasticamente de há três anos a esta data. A primeira fase despoletou após a cirurgia cardio-toráxica há já seis anos, na qual o meu Pai recebeu um bypass na válvula da aorta, próteses na mitral e na tricúspide e um CDI (Implante Cardio Desfibribilador). A desorientação após a longa cirurgia – acima de oito horas -, deu origem ao início das visões e ao cimentar definitivo da cegueira.

Daí em diante, lentamente, instalou-se um quadro de demência. Ténue mas preocupante para nós que não compreendíamos os surgimentos, as confusões, as alucinações. Mas foi – faz este mês três anos – que as referidas e tortuosas alucinações se tornaram constantes, inevitáveis, constantes companheiras de todos nós, umas vezes envolvidas em teorias conspiratórias, tornando o meu Pai agressivo, perseguido pelo medo sempre presente no seu olhar.

Nestes últimos tempos as coisas estão fisicamente mais calmas. Os “amigos e inimigos” imaginários tornaram-se menos ameaçadores, embora sempre presentes. Mas o tempo, esse perdeu-se cronologicamente. Hoje estamos em 1940, ontem em 1993, amanhã em 2003, e depois talvez em 1933… Hoje é verão, amanhã inverno, voltamos ao verão e partimos para a primavera… Há tigres na sala, há um navio a passar mesmo ao lado, há “pessoas” sentadas no sofá, as paredes são de vidro… As horas não são horas, porque agora são seis da manhã e a seguir são três, e cinco minutos depois são horas de almoçar.

E os dias são passados a dar atenção aos meus Pais. Porque ela tem Parkinson’s, osteoporose e degenerescência da mácula relacionada com a idade – felizmente que a doença dela estagnou. Não tem avançado. Com as devidas mazelas, ela mantem-se activa: cansada mas activa.

Por todas estas razões, quando chegam notícias de avanços como este, acende-se uma luz na minha cabeça. Mesmo sabendo que de nada valerá já para o meu Pai, a esperança de que outros doentes beneficiarão dos milagres conseguidos por esses seres fantásticos que se entregam à descoberta e ao estudo, deixa-me… calma!

A vida é confusa. O grande desafio é adaptarmo-nos ao que não podemos mudar. Não controlamos tudo. Apenas o que é possível controlar. Mas nesta passagem, temos que guardar o que nos dá força: o bem!



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