É bom sabermos que pensam em nós,
seja porque razão for: é bom!
Hoje andava a navegar pelo
Facebook e dei com um post na minha cronologia: uma Amiga que me dava novidades
acerca dos avanços na batalha contra a doença de Alzheimer e de Demência Senil.
Deixam-me arrebatada avanços na
ciência como o que consta nesta notícia:
http://boasnoticias.sapo.pt/noticias_Doen%C3%A7a-de-Alzheimer-revertida-pela-primeira-vez_16307.html
O meu Pai tem vindo a definhar, drasticamente
de há três anos a esta data. A primeira fase despoletou após a cirurgia
cardio-toráxica há já seis anos, na qual o meu Pai recebeu um bypass na válvula
da aorta, próteses na mitral e na tricúspide e um CDI (Implante Cardio
Desfibribilador). A desorientação após a longa cirurgia – acima de oito horas
-, deu origem ao início das visões e ao cimentar definitivo da cegueira.
Daí em diante, lentamente,
instalou-se um quadro de demência. Ténue mas preocupante para nós que não
compreendíamos os surgimentos, as confusões, as alucinações. Mas foi – faz este
mês três anos – que as referidas e tortuosas alucinações se tornaram
constantes, inevitáveis, constantes companheiras de todos nós, umas vezes
envolvidas em teorias conspiratórias, tornando o meu Pai agressivo, perseguido
pelo medo sempre presente no seu olhar.
Nestes últimos tempos as coisas
estão fisicamente mais calmas. Os “amigos e inimigos” imaginários tornaram-se
menos ameaçadores, embora sempre presentes. Mas o tempo, esse perdeu-se
cronologicamente. Hoje estamos em 1940, ontem em 1993, amanhã em 2003, e depois
talvez em 1933… Hoje é verão, amanhã inverno, voltamos ao verão e partimos para
a primavera… Há tigres na sala, há um navio a passar mesmo ao lado, há “pessoas”
sentadas no sofá, as paredes são de vidro… As horas não são horas, porque agora
são seis da manhã e a seguir são três, e cinco minutos depois são horas de
almoçar.
E os dias são passados a dar
atenção aos meus Pais. Porque ela tem Parkinson’s, osteoporose e degenerescência da
mácula relacionada com a idade – felizmente que a doença dela estagnou. Não tem
avançado. Com as devidas mazelas, ela mantem-se activa: cansada mas activa.
Por todas estas razões, quando
chegam notícias de avanços como este, acende-se uma luz na minha cabeça. Mesmo
sabendo que de nada valerá já para o meu Pai, a esperança de que outros doentes
beneficiarão dos milagres conseguidos por esses seres fantásticos que se
entregam à descoberta e ao estudo, deixa-me… calma!
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