Temos frequentemente a necessidade de associar ambição a dinheiro, a
um desejo e empenho desmedido em alcançar um lugar de topo, de admiração, de
liderança, citando a qualidade (ou desqualidade) de se ser ambicioso
negativamente.
Dou muitas vezes por mim a fazer uma análise das minhas vontades, dos
meus sonhos, das minhas investidas diárias. Dirão que sou uma pessoa sem
ambição se vos contar…
O que é que me move? O que é que me faz avançar na vida, mesmo no
momento em que a estagnação parece ser a minha única saída e em que as minhas
vontades se apresentam como efémeras utopias?
Respondo: a minha vontade!
Eu considero-me uma personalidade do Tipo A. Tudo em mim é urgente,
absoluto, pendente de um tempo que se esgota. Eu corro uma maratona diária no
intento de chegar “ali”, de me poder ver “lá”, de sentir o chão da “chegada”.
Os meus objectivos diários estão sempre além do dia de hoje, embora me esforce
constantemente por citar “um dia de cada vez”.
Sou naturalmente insatisfeita, porque não consigo evitar procurar e
perceber mais além… Querer mais além… Quero o significado das "coisas"!
Não sou altruísta! Aliás, considero o altruísmo em si uma utopia, uma
prova para o alcance do respeito e admiração de outros, uma necessidade de
satisfação pessoal – o que acaba por alterar a essência do termo. O que eu
quero são “coisas” que me satisfaçam!
Há anos não me analisava. Não conseguia alcançar um consenso acerca de
mim. Multiplicavam-se-me as vontades, os desejos, os sonhos, os objectivos e não sabia como colocá-los em curso: “não batia a bota
com a perdigota”. Achava eu… Uma vontade não é em si algo alcançável. Uma
vontade é uma luta!
O que fazemos nós, diariamente? Eu digo que lutamos. E o senso comum
diz-me algo mais: não tenhas medo de falhar! Em cada evento falhado, encontro a
força do evento seguinte. E caminho ao longo de todo o processo percebendo que “se
eu não chegar lá, terei pelo menos consciência de que tentei…” É continuar! Um
pouco mais do mesmo em cada dia, a cada hora, a cada minuto.
Serei então ambiciosa?
Sim! Diferente da ambição que possas imaginar… A minha ambição é
fundamentalmente interior. Claro que ela necessita de uma alavanca exterior.
Mas a sério… tudo o que é exterior é infinitamente mais fácil. Ou nunca deste
conta que é muito mais difícil decidir o que fazer para o jantar do que
propriamente fazê-lo (a menos que não tenhas jeitinho nenhum para a cozinha)?
A minha ambição é a minha obstinação! Leva-me ao alcance de um propósito,
propositadamente. E nesta linha, quem não é ambicioso?
Sou levada – porque assim quero. São longas caminhadas, porque da
minha vida não espero a medianidade. Espero o memorável!
Ambiciosa ou realizada?
A ambição leva-me à realização. A ambição desmesurada porque é uma
luta. Mas olha a meios para chegar a fins. Obedece a trâmites. Obedece ao meu
espírito. Obedece à minha alma. Obedece ao que está à minha volta. Obedece a
quem está à minha volta. É como uma corrida de obstáculos. E a corrida não tem
fim!
No dia em que a corrida chegar ao fim, também eu lá terei chegado.
Deixar de correr é perder toda uma essência que nos faz perder o curso da vida.
Tenho quase a certeza que não é isso que algum de nós pretende! É uma
questão de encontrar o nosso caminho pessoal, de saber fazer a necessária auto
crítica, sem a pretensão do “eu é que sei”. Tentativa /erro… mas sabendo ouvir,
sentir e amando sempre o que se faz.
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